Apesar do cenário pessimista, o Brasil adquiriu um pequeno fôlego no fechamento da última safra. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o País fechou o ano safra 2014/15 (julho a junho) com 1,13 milhão de toneladas exportadas, alta de 9% frente ao volume de 1,04 milhão da safra passada. Em valores, o salto foi de 6%, de US$ 1,93 bilhão para US$ 2,04 bilhões. No Paraná, a recuperação não ocorreu. No primeiro semestre deste ano, foram enviadas 11,1 mil toneladas de suco concentrado para o exterior, queda de 31,4% frente às 16,2 mil toneladas de 2014. Em valores, a queda foi de US$ 26,9 milhões para US$ 20,3 milhões (-24%).
O diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, relata que foram os Estados Unidos que puxaram essa melhora. Ele comenta que a queda de produção na Flórida – um dos principais estados produtores – devido ao greening acabou melhorando a exportação brasileira. "Foi uma melhora importante, mas não acreditamos que ela deva prosseguir para a próxima safra. Muito desse suco enviado acabou nos estoques americanos e não acreditamos que o fluxo de exportações continue dessa forma. Na verdade, neste momento, estamos trabalhando para não piorar ainda mais os valores, como aconteceu em anos anteriores", salienta Netto.
Na opinião do técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Estado (Seab), Paulo Andrade, a situação do Paraná é similar à nacional, apesar do fechamento positivo da média brasileira. "Acredito que essa melhora nos números nacionais são apenas momentâneos, já que a situação é de arrefecimento. O greening no estado americano está muito intenso, com a menor safra dos últimos 30 anos e isso acabou ajudando o Brasil neste momento. A Ásia também abriu o mercado, mas o volume ainda é muito pequeno", explica ele.
No Paraná, as áreas de laranja têm diminuído juntamente com a produção. No ano safra 2013/14, último levantado pelo Deral, foram produzidas 958,4 mil toneladas de laranja, contra 994 mil do período anterior. Já a área caiu de 27,9 mil hectares para 26,6 mil hectares. "Com a força do greening e com a reposição de pomares da década de 1980, devido à queda natural de produção, o volume produtivo acabou caindo no Estado. Como a fruticultura de forma geral, produzir laranja é complexo, dá trabalho no manejo e os investimentos são altos. Acredito que chegamos numa estabilidade no Estado, com uma área de 25 mil hectares e de 900 mil a 1 milhão de toneladas produzidas por safra", estima Andrade.
Apesar das dificuldades, o técnico do Deral acredita que a cultura tem um potencial enorme. "Se não fosse um mercado interessante, não teríamos cooperativas e empresas investindo no trabalho com a cultura, como é o caso da Integrada, por exemplo", completa.