Em dez anos, os custos de produção dos principais alimentos produzidos no Estado do Espírito Santo subiram bem mais que a inflação oficial. A inflação oficial entre janeiro de 2007 e janeiro de 2017 foi de 81,71%, enquanto os custos de produção nas lavouras subiram 161%. Essa constatação foi feita pelo Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro) que nesse período realizou um estudo sobre os coeficientes técnicos e os custos de produção de várias atividades agrícolas, em diferentes níveis tecnológicos e situações no Espírito Santo.
Esse estudo permite que o produtor faça uma análise comparativa dos custos e receitas entre vários produtos agrícolas e, consequentemente, a rentabilidade e a viabilidade econômica das diversas culturas elencadas neste trabalho.
Dentre os itens que compõem os custos de produção, os serviços apresentaram um aumento superior aos insumos nos últimos 10 anos, chegando a 236%, bem acima da inflação. Um dos fatores que pode ter contribuído para aumento elevado nos custos dos serviços no campo foi o aumento do salário mínimo, que é a base de pagamento da mão de obra rural, além das normas trabalhistas, que também implicam no aumento dos custos.
Já os insumos tiveram um aumento de 79%, inferior à inflação do período. Segundo o estudo, esse aumento discreto foi provocado pelo menor poder de compra dos produtores rurais, principalmente nos três últimos anos em que o estado passou por uma crise hídrica.
Custos de produção versus renda dos produtos agrícolas
O estudo avaliou ainda a variação nos preços pagos aos produtores rurais dos 10 principais produtos no período de 2007 a 2016. Em 10 anos, os preços subiram 145% enquanto o aumento médio dos custos de produção foi de 161%.
No entanto, esse valor é uma média e se for analisado individualmente, verificamos que dos 10 produtos analisados, 4 tiveram um aumento nos preços superior ao aumento dos custos. Um exemplo disso é a banana, que apresentou um aumento no preço 84% acima do aumento nos custos no período.
Por outro lado, 6 produtos apresentaram uma evolução nos preços inferior ao aumento nos custos do período. Alguns dos produtos de maior importância relativa na agricultura capixaba como o café, o tomate e a pecuária de leite apresentaram um aumento nos preços abaixo do aumento nos custos. O café arábica é um exemplo. Enquanto os custos de produção apresentaram um aumento de 180%, os preços subiram 86%. A diferença no aumento dos custos para o aumento dos preços foi de 94 %. Isso se reflete negativamente na renda do produtor rural.
Um estudo feito pela Faculdade Doctum de Vitória (ES) verificou que a inflação de 30 itens da cesta básica de alimentos da classe média capixaba, nos supermercados, aumentou 136% nesse período, o que comprova os dados do levantamento da Cedagro. Esses resultados significam que houve uma redução da rentabilidade na agricultura capixaba e também do poder de compra de alimentos pelas famílias capixabas nos últimos dez anos.
O estudo “Coeficientes Técnicos e Custos de Produção na Agricultura” pode ser acessado no site da Cedagro.
CUSTOS DE PRODUÇÃO | PREÇO | |||
Cultura | % de Aumento | % Aumento | ||
Insumos | Serviços | Geral | ||
Café Arábica | 101 | 228 | 180 | 86 |
Café Conilon | 66 | 175 | 130 | 124 |
Banana Prata | 80 | 257 | 170 | 254 |
Mamão Hawaii | 104 | 196 | 156 | 157 |
Laranja | 41 | 276 | 164 | 180 |
Tomate | 63 | 274 | 130 | 109 |
Pecuária de Corte | – | – | 176 | 184 |
Pecuária de Leite | – | – | 133 | 101 |
Milho | 58 | 239 | 170 | 77 |
Feijão | 121 | 250 | 200 | 182 |
MÉDIA | 79% | 236% | 161% | 145% |
Redação Campo Vivo com informações de assessoria