
Produzir alimentos, gerar renda, proteger o solo e reduzir emissões de carbono — e, às vezes, tudo isso ao mesmo tempo. Esse é o caminho que muitas cooperativas capixabas estão construindo ao colocar a sustentabilidade no centro de suas decisões.
Por meio de soluções como abastecimento hídrico próprio, agricultura regenerativa e mobilidade urbana sustentável, as coops mostram que a inovação e o cuidado com o meio ambiente podem caminhar juntos.
Neste artigo, vamos apresentar cinco projetos de cooperativas do Espírito Santo que colocam a sustentabilidade em prática e geram um impacto real para o campo, as comunidades e o planeta.
1. O café sustentável da Coocafé que atravessa o mundo
A Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé), em parceria com a greentech francesa NetZero, protagonizou uma exportação de café pioneira no cooperativismo brasileiro. Em julho de 2024, foram enviadas à empresa japonesa Marubeni cerca de 880 sacas de café — equivalente a 52,8 toneladas — produzidas com o uso de biochar, uma inovação sustentável no cultivo do grão.
O biochar é um carvão natural produzido a partir da palha do café e atua como condicionador de solo, melhorando a retenção de água e nutrientes, além de contribuir para a captura de carbono. Ou seja, além de evitar o desperdício das cascas dos grãos (que seriam descartadas), a tecnologia da NetZero reduz a emissão de gases de efeito estufa.
A partir desta iniciativa, a Coocafé, como incentivo à prática sustentável, premiou 77 produtores envolvidos na exportação, fornecendo um valor “extra” por cada saca comercializada. Também foram instaladas duas usinas de produção de biochar no país: uma em Brejetuba (ES) e outra em Lajinha (MG).
2. Intercooperação para uma mobilidade urbana sustentável
O Sicoob Espírito Santo e a Unimed Vitória se uniram em um projeto de intercooperação que vem fazendo sucesso com os capixabas. As iniciativas “Bike Vitória”, na capital, e “Bikes”, em Vila Velha, promovem o uso das bicicletas como meio de transporte ecológico, com o apoio das prefeituras de cada município.
O sistema – operado pela empresa Serttel – integra as duas cidades, com diversos pontos estratégicos para a retirada de bicicletas. Essa é uma opção acessível de mobilidade que contribui para a redução de emissões de carbono e melhora a qualidade de vida da população.
Projetos como esse exemplificam como a colaboração entre cooperativas e o poder público podem resultar em soluções ecológicas e que beneficiam toda a comunidade.
3. Cafesul aposta em bioinsumos para impulsionar a sustentabilidade no campo
Em 2024, a Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (Cafesul) inaugurou a sua primeira unidade de bioinsumos, tornando-se a primeira a realizar o feito entre as cooperativas capixabas. O objetivo da fábrica é impulsionar a produção de cafés sustentáveis.
Com capacidade para produzir até 4 mil litros de biofertilizantes por dia, a unidade surgiu a partir da demanda dos próprios cooperados, já que os bioinsumos ajudam no controle de pragas e na regeneração do solo, além de não agredirem a saúde humana nem o meio ambiente.
Entre os biofertilizantes produzidos na fábrica estão: Beauveria Bassiana (fungo utilizado como inseticida biológico); Trichoderma Asperellum (fungo utilizado para manejo de patógenos do solo e melhoria da qualidade do sistema radicular das plantas); e Bacillus Subtilis (rizobactéria promotora do crescimento de plantas).
A cooperativa já atendeu cerca de 130 cooperados com esses bioinsumos, cujo impacto ambiental é menor e garante mais segurança para quem produz.
4. Coop-União coloca a educação ambiental em prática
Alunos da Cooperativa Educacional de São Gabriel da Palha (Coopesg) desenvolveram o projeto “Ilha Ecológica”, idealizado a partir do programa Cooperjovem. Após a estruturação do projeto, a cooperativa mirim Coop-União assumiu e custeou a execução.
Os materiais e serviços necessários para a construção da ilha foram contratados com o apoio da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de São Gabriel da Palha (Ascat). A decoração e a logomarca foram confeccionadas pelos alunos.
A ação é um incentivo à reciclagem dentro e fora do ambiente escolar, pois além da construção das lixeiras para papel, plástico, metal, vidro, eletrônicos e pilhas, a escola e seus alunos promoveram oficinas e palestras abertas à comunidade local.
Com o modelo de ilha ecológica, a Coopesg transformou-se em um ecoponto. O espaço revitalizou uma área que era inutilizada e promove a conscientização de estudantes, famílias e colaboradores da cooperativa sobre a importância da coleta seletiva, descarte adequado do lixo e impactos causados ao meio ambiente quando essas práticas não são adotadas.
A inauguração foi planejada para coincidir com o Dia Mundial do Meio Ambiente em 2025, celebrado no dia 5 de junho.
5. Cooperativas participam do projeto Café Produtor de Água
Já vimos que combinar a produção de café e a preservação ambiental dá muito certo. Projetos desse escopo continuam sendo desenvolvidos no Espírito Santo. Em 2024, o estado passou a integrar o programa Café Produtor de Água, uma iniciativa do Conselho Nacional do Café (CNC), onde os produtores que adotam práticas sustentáveis são beneficiados.
O projeto foi abraçado pelas cooperativas capixabas Cafesul, Cooabriel, Nater Coop e Sicoob ES, e já funciona nos municípios de Muqui, Nova Venécia e Santa Maria de Jetibá. A proposta incentiva ações como a recuperação de nascentes, conservação de matas ciliares e melhoria das estradas, que são essenciais para a proteção de recursos hídricos.
Os produtores que aderirem ao programa começam a receber pagamentos por serviços ambientais a partir de 2026. O Café Produtor de Água tem uma duração prevista de cinco anos, e conta com o apoio do programa Reflorestar, do governo estadual, ampliando os impactos positivos do projeto.
Sistema OCB/ES