
José Luiz Junior Ferreira Bianchi, há oito anos recebeu o convite do sogro, Antonio Luís, para assumir junto à família da sua esposa Franciele, as tarefas na propriedade em Córrego da Piaba, São Mateus. Recentemente, eles e a sogra Vilma ingressaram no “Programa Herdeiros do Campo”, que visa capacitar famílias rurais para o processo sucessório, unindo diferentes gerações para falar sobre o futuro das propriedades rurais.
A família iniciou a divisão das atividades. Enquanto a sogra cuida das finanças e o sogro se ocupa da parte de funcionários, Júnior se dedica à parte técnica.
“Participamos do curso em busca de mais conhecimento para fazer essa sucessão de forma correta. Agora tivemos a noção do quanto o processo é detalhado. No processo sucessório é preciso entender que somos uma empresa e tudo tem que ser bem planejado e organizado”, afirma Júnior.

No curso, após os módulos, a família preencheu um formulário com as informações aprendidas e como colocá-las em prática. “Sentamos, organizamos todas as informações juntos, e já incluímos no planejamento a construção de um galpão que precisamos e descrevemos como, quando e quanto tempo vai levar para ficar pronto”, comentou o produtor.
“A sucessão no campo é um desafio real, e o Programa Herdeiros do Campo tem cumprido um papel importante ao promover esse diálogo dentro das famílias. Com metodologia e orientação técnica, conseguimos mostrar que é possível planejar essa transição de forma estruturada e respeitosa. Para o Senar/ES, é gratificante ver essa construção acontecer com o envolvimento direto das famílias e o apoio de parceiros que compartilham conosco o compromisso com o futuro do agro capixaba”, disse o gerente técnico do Senar-ES, Murilo Pedroni.
O programa visa despertar a família produtora rural para a importância do planejamento sucessório nas dimensões: propriedade, família e empresa. Além disso, ensina como agir de forma sinérgica no ambiente familiar para a implantação de um plano de ação que norteie a sucessão familiar.
Um dos principais desafios enfrentados pelas famílias, segundo Junior, é a gestão de conflitos. “Às vezes, há desentendimentos entre as pessoas, pois o processo sucessório envolve gerações diferentes, com pensamentos diferentes. Porém, com diálogo conseguimos alinhar, pois o objetivo é único. Criamos normas para fazer o negócio funcionar e a expectativa é implementar tudo o que aprendemos no curso”, ressalta Júnior.
O Herdeiros do Campo foi idealizado pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e realizado no Espírito Santo pelo Senar/ES, em parceria com a Faes, sindicatos rurais e a Cooabriel. Desde sua primeira turma em 2023, o programa atendeu famílias nos municípios de São Gabriel da Palha, Aracruz, Águia Branca e Nova Venécia. Nas turmas deste ano, que foram em Boa Esperança e Jaguaré, participaram 18 famílias.
O presidente da Cooabriel, Luiz Carlos Bastianello, avalia que, embora seja um tema vital para as famílias rurais, o assunto ainda é um tabu, em muitos casos por falta de conhecimento. “Quando se fala em sucessão familiar, costuma-se pensar em transferência patrimonial. Mas sucessão familiar é um processo de conhecimento, para que o planejamento sucessório aconteça da melhor forma possível. Isso exige diálogo e troca de informações dentro do conjunto familiar. O propósito da cooperativa é poder contribuir nesse aspecto”, ressaltou.
No programa é necessário a participação de duas gerações por família. A carga horária é de 46 horas, sendo composto por uma etapa de integração em grupo e mais de 40 horas de treinamento em grupo, além de receberem orientação do plano de ação por família participante.
Redação Campo Vivo