
Foram três dias, com público total aproximado de 2 mil pessoas, de 35 países, em um ambiente que possibilitou reflexões, negócios, networking, palestras técnicas e institucionais, debates e, principalmente, o recebimento de muitas informações de 83 painelistas, que representaram setores da economia, política, governos e da cadeia produtiva mundial do café como um todo, da produção ao consumidor final, sobre os principais desafios e oportunidades à cafeicultura global, tendo o Brasil como protagonista, durante o 10º Coffee Dinner & Summit, que o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) realizou, entre 2 e 4 de julho, no Royal Palm Hall, em Campinas (SP).
“Tivemos dedicação e esforço coletivo hercúleos de toda equipe e da organização para que essa fosse, e foi, a maior edição nos 20 anos de história do nosso evento. Realizamos um trabalho muito grande e meticuloso para escolher painelistas, palestras técnicas e reservadas, as muitas reuniões de negócios e institucionais, enfim… O Brasil, enquanto maior produtor e exportador e segundo maior consumidor mundial, precisa protagonizar o debate global sobre o setor e o Coffee Dinner & Summit tem esse propósito, de se destacar como um importante fórum internacional, que contou com contribuições de presidentes e executivos das principais organizações de café de Europa, Estados Unidos e Ásia. O sentimento é de gratidão e felicidade pelos resultados alcançados”, celebra Márcio Ferreira, presidente do Conselho da entidade.
Entre os destaques da 10ª edição do evento, o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, aponta a abordagem de pautas estratégicas, como as tarifas do governo dos Estados Unidos, debatidas por profissionais de empresas comercializadoras multinacionais; os desafios trazidos por novas regulações do comércio global de café, como o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR); as mudanças climáticas, que implicam desafios à produção; e as tendências de consumo, com questões geopolíticas mundiais.
“Quando surgem novas regras e desafios climáticos, o setor é afetado de uma mesma forma, como um todo. E o nosso evento proporcionou uma união de todos os segmentos, o que é crucial, pois, unidos, trabalhamos de uma forma muito mais inteligente”, analisa Matos.
Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, destaca as reflexões e as mensagens desafiadoras que o evento promoveu sobre o crítico cenário dos gargalos logísticos no Brasil, em especial no que se refere ao esgotamento da infraestrutura nos portos. “O sistema portuário está esgotado, o que afeta o desempenho do setor e cria dificuldades ao comércio exportador brasileiro, principalmente das cargas que demandam contêineres para embarque, como café, algodão, açúcar, carnes, frutas, entre outras, gerando milhões de dólares em prejuízos aos exportadores, fazendo com que o país deixe de receber bilhões em divisas nas transações comerciais e haja menores repasses do preço (Free on Board) FOB das exportações para os produtores”, revela.
Ele completa que, devido a esse cenário, o Cecafé trouxe ao evento representantes públicos do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), da Autoridade Portuária de Santos (APS) e do governo do Estado do Espírito Santo, bem como grandes entes do setor privado, como MSC, BTP e JDE, por exemplo, para estender o diálogo que a entidade vem conduzindo, junto a outras entidades do agro e de usuários de portos, em Brasília (DF) e nas esferas federais de outras localidades.
“A defasagem da infraestrutura portuária e os entraves na logística são problemas intrínsecos nossos e precisamos alinhar o debate entre os entes públicos e privados para buscarmos os melhores caminhos, por meio do amplo diálogo, os quais gerem melhorias em toda as etapas do processo de exportação, do campo até o cais. Esse estreitamento e essa troca de informações que geramos no Coffee Dinner & Summit deverão possibilitar reflexões e discussões a respeito do futuro logístico do Brasil, que precisa avançar imediatamente para poder acompanhar a evolução do agronegócio brasileiro”, explica Heron.
Segundo a diretora de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do Cecafé, Silvia Pizzol, o respeito aos critérios ESG também esteve em voga nesta edição do evento, que destacou o comprometimento da cadeia produtiva do café com a promoção do trabalho decente, por meio de colaboração, engajamento de todo o segmento exportador, em parceria com seus importadores da Alemanha, com parceiros públicos e privados e, inclusive, com o governo brasileiro.
“Tivemos a oportunidade de mostrar, em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Embaixada da Alemanha no Brasil e a Associação Alemã de Café, como múltiplas ações, que visam promover o trabalho decente, coexistem no Brasil e como a cafeicultura brasileira está em um nível amadurecido de diálogo social para avançar, cada vez mais, nessa dimensão da sustentabilidade. A condecoração desse fato se deu com a adesão do Cecafé ao ‘Pacto pela Adoção de Boas Práticas Trabalhistas e Garantia de Trabalho Decente na Cafeicultura no Brasil’, que fomenta a promoção das boas práticas trabalhistas e do trabalho decente no setor cafeeiro”, comenta Silvia.
PACTO NACIONAL DO CAFÉ
Ciente de que as questões sociais sempre foram e ganham ainda mais relevância na cafeicultura, o Cecafé, representado pelo presidente do Conselho Deliberativo Márcio Ferreira, em conjunto com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, acompanhados de entidades já signatárias presentes no Coffee Dinner & Summit, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Conselho Nacional do Café (CNC), a Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariados Rurais (Contar) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), assinou o termo de adesão ao “Pacto pela Adoção de Boas Práticas Trabalhistas e Garantia de Trabalho Decente na Cafeicultura no Brasil” durante a cerimônia de encerramento, que precedeu o jantar de gala.
Essa iniciativa reafirma a cooperação da entidade com instituições públicas e privadas e o compromisso dos exportadores de café do Brasil com a viabilização e a promoção de ações que aperfeiçoem, cada vez mais, as condições de trabalho decente na cadeia produtiva do café brasileiro, reforçando o engajamento do setor cafeeiro do país com o debate socioambiental global.
DESTAQUES DO SETOR
O 10º Coffee Dinner & Summit também foi palco de homenagens do Cecafé às empresas que se destacaram, no ano passado, em cada segmento da cafeicultura nacional. A ofi recebeu o prêmio “Destaque Exportador” como a maior exportadora de café; maior torrefadora do país, a 3Corações alcançou o “Destaque Torrefação”; a premiação seguiu com o “Destaque Solúvel”, concedido à Cacique – Louis Dreyfus Company, maior indústria do segmento no Brasil; e, em 2025, designado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional das Cooperativas, o “Destaque Cooperativismo” ficou com a Cooxupé.
HOMENAGENS
O Cecafé fez, ainda, homenagens importantes, como o “Destaque Membros”, recebido pelo Grupo Tristão, que completa 90 anos de história, e a exportadora NKG Stockler por seus 80 anos. Os parceiros institucionais do Conselho em suas diversas áreas de atuação também foram agraciados: no que se refere à promoção internacional dos cafés do Brasil, a condecoração foi para a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil); pela parceria em relação a pesquisa, tecnologia, inovação e sustentabilidade, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi agraciada; e, no que tange aos trabalhos políticos, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) recebeu a homenagem.
Por fim, foram realizadas condecorações aos governos federal e estaduais que prestigiaram o evento e contribuíram nos painéis de debate. Nessa lista, constaram os Estados do Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, além do governo federal, que recebeu a reverência por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Comunicação Cecafé