
O sistema cabruca, mais que vocação em produzir amêndoas de cacau para fabricação de chocolates, desempenha um papel fundamental na conservação do solo, das águas, da fauna e flora, e no armazenamento de carbono, combatendo as mudanças climáticas. No Dia Nacional da Mata Atlântica, celebrado nesta terça-feira (27), ganha destaque este sistema agroflorestal que combina o cultivo de cacau com a preservação de árvores nativas da Mata Atlântica.
Dados do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), divulgado em 15 de maio pela iniciativa MapBiomas Alerta, mostram que, pela primeira vez na história, houve redução no desmatamento em cinco dos seis principais biomas brasileiros em 2024: Pantanal, Pampa, Cerrado, Amazônia e Caatinga. A única exceção foi a Mata Atlântica, que permaneceu estável após uma queda de 55% entre 2022 e 2023.
Neste contexto, o consórcio mata e cacau é, portanto, uma estratégia de agricultura sustentável, que fortalece a biodiversidade, promove qualidade de vida às comunidades locais e contribui para um ambiente mais equilibrado para as futuras gerações.
Em Linhares, na propriedade de Emir de Macedo Gomes Filho, que está na quarta geração familiar, 80% do cacau é cultivado em áreas de cabruca. Para Emir, a preservação da Mata Atlântica traz benefícios diretos, como o conforto térmico para as plantas e um ambiente mais equilibrado, favorecendo inimigos naturais no controle de pragas e praticando desenvolvimento sustentável com responsabilidade social, pensando nas futuras gerações.
“Quando temos um ambiente equilibrado, as pulverizações químicas são quase inexistentes, ao contrário das áreas abertas, onde há muitos problemas com pragas e é constante o uso de produtos químicos. Na nossa propriedade, este ano vamos intensificar ainda mais o uso de bioinsumos e de produtos biológicos, para uma produção mais sustentável e produtiva, pensando nas próximas gerações”, explicou o empresário rural.

Além disso, a prática do sistema cabruca ajuda a preservar a biodiversidade local, promovendo a conservação do solo, a ciclagem de nutrientes, a manutenção da avifauna e de espécies ameaçadas, além de preservar nascentes e mananciais hídricos.
Para Emir, que também atua no agroturismo, a integração entre produção e conservação é fundamental para o futuro do setor cacaueiro.
“Hoje, o mundo cobra por sustentabilidade, e é exatamente isso que fazemos ao manter a mata de pé, praticando um desenvolvimento responsável socialmente. Acredito que, em breve, vamos receber créditos de carbono e o pagamento por serviços ambientais, o que reforça a importância de unir transformação socioeconômica à preservação da biodiversidade”, concluiu o empresário.
Redação Campo Vivo